quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"Adeus".

Hoje foi o dia do “adeus”…
O céu encheu-se de estrelas para te iluminarem o caminho e o Sol fez questão de nascer para que tu o pudesses ver… e nem assim deixaste que as estrelas ou o Sol te iluminassem a tua alma e o teu coração que já há muito foram levados para a escuridão…Para a escuridão do teu mundo.
Não percebo porque é que ainda não fizeste nada para sair daí…Porque não lutas? Terás medo de falhar? Lembra-te que todo o ser humano erra e perde batalhas ao longo da sua vida…mas são esses erros e essas perdas que nos fazem ganhar força e coragem para enfrentar a vida de frente e de cabeça erguida.
Há quanto tempo escondes o teu rosto?
Tentei muitas vezes que me olhasses nos olhos, mas foi uma luta que acabei por perder.
Saí dela muito magoada, muito fraca, diria que completamente derrotada. Quase desisti de continuar a lutar pelo meu SOL. Felizmente isso não aconteceu e ainda consegui ir buscar alguma força dentro de mim e junto daquelas pessoas que me olham olhos nos olhos e que são sinceras comigo.
Sobrevivi!
Renasci!
E encontrei-o…ao meu SOL!
Foi dos momentos mais comoventes que vivi até agora e, ironicamente só o pude viver devido a ti que consequentemente fez do meu passado um passado negro.
Hoje, finalmente chegou o momento do “adeus” definitivo.
Definitivo por uma simples razão…vamos em sentidos opostos.
Será que algum dia estes caminhos se vão voltar a cruzar?
Não sei… e nem quero saber… mas se por acaso se cruzarem espero que finalmente já tenhas coragem de olhar as pessoas olhos no olhos e tenhas aprendido o verdadeiro significado da palavra “sinceridade”.
Apesar de tudo…não te posso deixar de agradecer-te… com isso tudo fizeste de mim uma pessoa mais crescida e madura, mais confiante e lutadora, fizeste de mim MULHER!
Desejo-te tudo de bom…e se um dia quiseres deixar esse mundo…olha para o céu, ele indicar-te-á o caminho a seguires enquanto não souberes guiar-te pelo teu coração.
Ah…é verdade esquece tudo isto…
Esqueci-me que não sou ninguém…



21 de Agosto de 2oo7



(Parte VII)

Lutar contra ti.



Os dias passam… Mas continuo a ver o teu reflexo em cada esquina, a ouvir a tua voz em cada som, a ver o teu sorriso em cada rosto, a sentir o teu toque em cada gesto…
Ainda és uma parte de mim…se não mesmo tudo em mim. Deixei de saber viver, longe de ti nada faz sentido…
Sou invadida por uma tristeza que se apodera da minha alma sem pedir licença e sem hora para me abandonar. Choro compulsivamente pela tua ausência.
Já não me reconheço…Quem sou eu?
Tento descansar…dormir um pouco. Entras em todos os meus sonhos. Acordo assustada com a sensação que te perdi…e perdi mesmo. Perdi? Será que algum dia foste realmente meu?
Fisicamente entregaste-te a mim…mas será que algum dia foste, realmente, meu? Que te entregaste de corpo e alma ao meu amor?
Entro em desespero… Agora sou eu que quero entrar para um túnel…onde possa viver lá sozinha longe das pessoas que nunca desistiram de mim…longe da luz que permite que eu te veja, longe do sons que me fazem ouvir a tua voz, longe dos sorrisos, longe dos gestos, longe do que fui um dia.
Estás a matar-me aos poucos…tu que um dia me fizeste renascer, flutuar, que me mostraste como é bom viver e como é bom amar. Tu…estás a matar-me aos poucos. Queres que eu tenha uma morte sofrida…não sei o que te fiz, aliás sei exactamente o que não te fiz…por respeito, por amor…deixei-te fugir por ter demasiado respeito e amor por ti. Parece que o desrespeito tem mais impacto em ti. Posso estar a morrer aos poucos mas tenho a alma e a consciência limpa. Sei que não podia fazer mais do que aquilo que fiz. Não podia ter lutado mais do que aquilo que lutei.
Fiz tudo por ti. Perdi coisas irrecuperáveis, vendi-te a minha alma…
Só tu a podes libertar. Estarás disposto a isso?
Quando é que vais perceber que não há mais nada a fazer…não tens nada a perder…ou se calhar até tens…a diversão de veres alguém a rastejar por ti. Alguém a morrer aos poucos por ti. Se é isso que realmente queres, acredita que é contra isso que vou lutar. È isso que me vai dar força para lutar contra este amor. Contra esta tristeza que insiste em penetrar cada vez mais em mim.
Vou lutar contra ti.

20 de Fevereiro de 2007

(Parte VI)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Segredo!


Dia? Sol? Já não sei o que isso é… já não sei que significado têm essas palavras…
Onde estou?
Não sei.
O que ambiciono?
O sol.
Aqui aninhada recordo o teu olhar, o teu sorriso. Corro por entre a escuridão com o teu olhar e o teu sorriso na minha mente. Corro, corro, corro,…
Paro e começo a reflectir…a reflectir sobre tudo e sobre nada. Haverá espaço para reflectir? Desejo o tudo e o nada. E acabo por não ter tudo e acabo por não ter o nada. Mas continuo a não saber o que me falta para ter tudo ou para ter o nada.
Quero chorar... mas já não tenho lágrimas…Quero sorrir…mas já não tenho forças… Quero dizer-te: “Amo-te!”…mas não te tenho!
É tudo tão complexo. A insegurança invadiu-me. Irei em frente…não! Irei para trás recuperar o que lá perdi. Ainda estarei a tempo de ir recuperar tudo o que perdi quando corria em direcção de uma luz que tarda em aparecer?
Já nem sei bem o que deixei lá atrás, mas sinto um vazio em mim. Estará a luz lá atrás? Começo a perguntar-me o porquê de me estar a dirigir nesta direcção…o teu olhar, o teu sorriso voltam a invadir a minha mente (se é que alguma vez a deixaram!) e a tua voz começa a ecoar dentro dos meus ouvidos. Percebi. Estou nesta direcção porque sei, ou talvez não saiba, mas sinto que estás no fim deste caminho. Que estás a desfrutar da luz que irá saciar esta minha “fome”. Se seguir nesta direcção terei o tudo!
Para trás o que ficou? Estou confusa.
Se for para trás será que terei o nada? O tudo ou o nada…
Será mesmo que atingirei o tudo ou o nada se for por cada um destes caminhos? Ninguém me garante porque não está aqui ninguém comigo. E agora?
As lágrimas que tardavam a chegar finalmente começam a cair pela face.
Estou feliz.
Estou triste.
Quero o tudo.
Quero o nada.
Deito-me a olhar o horizonte, negro. Aliás tudo à minha volta é negro.
Tenho saudades do azul do céu e do mar. Tenho saudades do verde da relva. Das cores das frutas. Do amarelo dos meus girassóis…Que grandes que devem estar os meus girassóis…
Paro! Levanto-me! Lembro-me do que tenho escrito nas paredes no meu quarto: “I´M A SUNFLOWER!!!”. Sim eu sou um girassol que se vira sempre para a luz. Flor persistente…Tal como…não! Penso que foi uma das coisas que perdi. Foi a minha persistência. Mas não posso! Tenho que a recuperar!
Ganho força e ânimo. Se é o Sol que eu quero é por ele que vou lutar. É por ele que vou continuar a correr. É por ele que vou chorar mas no final é para ele que vou sorrir!
Estou de volta! Mais importante do que encontrar a luz é encontramo-nos a nós próprios. Só aí é que realmente poderemos ir de encontro à luz que tanto ambicionamos, à luz que tanto amamos.
Sem nos encontramos, a luz pode estar mesmo à nossa frente que nunca a conseguiremos ver…
É esse o segredo!**
23 de Fevereiro de 2007
(Parte V)

sábado, 15 de agosto de 2009

Um passo em frente.


“Caída algures por esse túnel escuro, agreste e mórbido”, foi assim que acabei um texto que escrevi há alguns meses atrás.
Ali permaneci caída durante longos meses à espera que a escuridão me levasse de uma vez por todas…à espera que a escuridão me tomasse por completo a alma e todo aquele sofrimento acabasse de vez!
Enquanto esperava lembrei-me de algo que alguém me disse: “Não há noite que dure para sempre.”. Desatei-me a rir. Quanto tempo dura a noite, então? Alguém me sabe responder? Se não dura para sempre porque é que continuo aqui à espera de ver o sol raiar e ver o dia a nascer?
Ninguém me respondeu…
Voltei ao silêncio daquele tenebroso túnel…
Todos os dias recebia visitas de seres resplandecentes, seres incansáveis e corajosos. Iam lá visitar-me sempre, dar-me a mão, tentar levantar-me. Mas eu estava tão presa àquele túnel que todo o esforço deles era em vão. Ou talvez não. Não sei.
Quando eles acabavam a sua visita (se é que posso chamar àquilo de visita), sentia-me mais pobre, mas era uma opção minha. Não podia e nem queria deixar aquele túnel porque para trás, também na sua escuridão tinha deixado uma pessoa. Corrigindo, esse alguém é que me trouxe para o túnel e acabou também por ficar “preso” nele. Talvez esta tenha sido sempre a sua casa e para não se sentir tão sozinho me tenha trazido para cá. O mundo está cheio de pessoas egoístas e que são capazes de tudo para serem felizes, nem que para isso tenham de matar de sofrimento outros seres.
Quando penso nisto sinto uma revolta imensa dentro de mim. Não compreendo como é que ainda posso estar ligada a alguém tão egoísta, tão insensível.
O facto é que os meses foram passando e, eu permaneci ali intacta.
Um dia, já há muito tempo escrevi nas paredes deste túnel: “Nalgum lugar perdido vou procurar sempre por ti, há sempre no escuro um brilho, um luar. Nalgum lugar esquecido eu vou esperar sempre por ti.” E era o que eu estava a fazer. Estava à espera dele. Mas este túnel já não era um “lugar esquecido” graças aos seres resplandecentes.
Um dia eles trouxeram um ser novo.
Ele pegou na minha mão e sorriu-me.
No dia seguinte voltou lá e mostrou-me que dentro daquele túnel estavam a crescer camélias. Como é que era possível no meio daquela escuridão? Apenas me sorriu quando lhe fiz esta pergunta. No outro dia mostrou-me rosas e a cada dia que passava mostrava-me que aquele túnel se estava a transformar num autêntico jardim, cheio de flores coloridas.
Foi então que lhe disse que um dos meus sonhos era ser um girassol. Pegou em mim depois de muita resistência minha e caminhou comigo ao longo daquele túnel que se tornara mais claro e mais colorido. Pousou-me no chão e disse para eu sentir o aroma no ar. Sentir a brisa a ir de encontro às minhas faces. E deixar-me ir para onde as minhas pernas me guiassem. Fechei os olhos e senti-me a flutuar. Quando abri os olhos vi o que há tanto tempo desejava. O Sol! Finalmente ele estava ali. Bem ao alcance dos meus olhos. Chorava de alegria.
Afinal a noite não é eterna. O nosso problema é que nos deixamos cegar sem que tenhamos consciência disso e, quando damos por ela, a escuridão já tomou posse da nossa alma e a luz deixou de ter algum significado para nós. Desistimos de viver, entregamo-nos à escuridão sem qualquer resistência.
Cada um de nós tem o seu próprio Sol e cada um de nós tem de o descobrir. Para isso acima de tudo têm de ter vontade e alegria de viver, têm de ser amados e amarem, têm de ter coragem e força e têm de ter seres resplandecentes que vos dêem a mão quando alguma destas coisas vos faltar.
Aqui há dias alguém me pediu desculpa por não ter coragem de dizer o quanto gostava de mim e disse que agora já era tarde. Nunca é tarde para se dizer o quanto se gosta de alguém. Nunca é tarde para lutar. Enquanto conseguirmos ver a luz, conseguimos viver e enquanto vivermos conseguimos lutar por aquilo que gostamos. Não é a mim que tens de pedir desculpa, é a ti!
Penso que todos os dias deveríamos dizer a todas as pessoas que são importantes o quanto gostamos delas. Agora é o que eu tento fazer! E quando o faço, digo-vos sabe tão bem! Sentimo-nos outros e faz de cada dia um dia melhor! E quando é retribuído? Já sentiram isso? É maravilhoso!
Então não se fechem. Abram os vossos corações e tenham coragem para viver!
Estou quase a ter a persistência de um girassol e, por muito enublado que esteja o tempo consigo sempre ver o meu sol! Ele agora anda sempre comigo e eu ando sempre voltada para ele!
Sejam Sunflowers, nem que seja por uma vez na vida!

Acho que não poderia acabar este texto sem pedir uma desculpa a mim porque afinal fui como alguém que se fechou num “mundo mudo”. Não tive a coragem de lhe dizer o que sentia pessoalmente e esta foi a única maneira que arranjei de a fazer.
Acima de tudo sê feliz e, sabes que me tens aqui como amiga que sempre fui para ti! Nunca te esqueças disso e deixa-me resplandecer junto de ti!

A tentar regressar à vida!
3 de Junho de 2007
(Parte IV)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Porquê? Para quê tanta complicação?


Eu sofro por ti, tu sofres por ela e ela sofre por ele.


Eu escrevo para ti, tu escreves para ela e ela escreve para ele.


Eu sorrio para ti, tu sorris para ela e ela sorri para ele.


Eu luto por ti, tu lutas por ela e ela luta por ele.


Eu desejo-te, tu deseja-la e ela deseja-o.


Eu sonho contigo, tu sonhas com ela e ela sonha com ele.


Eu vivo para ti, tu vives para ela e ela vive para ele.


Eu amo-te, tu ama-la e ela ama-o.



Não seria tudo mais fácil se ele a amasse e tu me amasses a mim?


O facto é que:



Eu espero por ti, tu esperas por ela e ela espera por ele.



E quando:



Eu desistir de ti, tu desistires dela e ela desistir dele.



Provavelmente:



Eu morri, tu morreste e ela morreu...

16 de Dezembro de 2006

(Parte III)

Túnel escuro

Naquela madrugada fizeste-me flutuar…Naquela madrugada encontrei-me. Naquela madrugada encontrei-te.
O calor do teu corpo quebrou o gelo que encobria toda a minha alma. Todas as emoções que até então estavam congeladas começaram a fazer-se sentir. Renasci!
Parece, que finalmente, alguém lá no alto ouviu as minhas preces. Só precisava de não me sentir profundamente só. Fiz de ti o sinal que há muito tinha pedido. Fiz de ti o meu anjo. Fiz de ti a minha luz.
O tempo foi passando…
Acordei, o dia estava lindo. O sol brilhava no céu. Sentia-me bem comigo. Sentia-me bem com a vida.
Vi-te ao longe. Ia na tua direcção quando as nuvens cinzentas começaram a apoderar-se do céu. Tudo à minha volta começou a ficar mais escuro. Os sorrisos começaram a desaparecer dos rostos das pessoas. Até que cheguei a ti e caí. Caí aos teus pés com as mãos acorrentadas.
Sentia-me sem forças e mesmo assim obrigaste-me a olhar para ti, olhos nos olhos, para que pudesse ver a felicidade que carregavas dentro deles.
Porquê?
Ajudaste-me a levantar e voluntariaste-te para me levares à porta do meu caminho para a felicidade. Ainda que confusa, agradeci o teu gesto.
Caminhamos juntos mas à medida que nos aproximámos do local de destino, o céu ficou mais escuro. Fiquei com medo! Tranquilizaste-me!
Lá estava ela, a porta do caminho a seguir. Não me era estranha. Já a tinha visto. Sem demoras beijaste-me e abriste a porta com todas as delicadezas, uma vez que ainda continuava com as mãos acorrentadas. Fizeste-me avançar. Já lá dentro olhei para trás e lá estavas tu com o teu sorriso lindo! Estavas só lá tu…o meu sinal, o meu anjo, a minha luz. Com um sorriso de orelha a orelha. De repente disseste “adeus” e a porta fechou-se.
Foi aí que me apercebi que teria que fazer aquele caminho sem ti…
Caí! Voltei a ficar sem forças. E finalmente reconheci aquele lugar. Estava naquele túnel escuro, agreste e mórbido que há pouco mais de um ano tive o desprazer de entrar. Fiquei ali deitada à espera que os seres resplandecentes que outrora me tiraram deste túnel me viessem salvar novamente. Fiquei à espera dias e dias…e nada!
Nada havia a fazer…só tinha uma escolha. Avançar por entre a escuridão. Uma vez sem força para me levantar teria que rastejar. Foi aí que senti que estava toda arranhada, cheia de feridas incicatrizáveis. Doía-me o peito. Era uma dor muito forte quase insuportável. Mas mesmo nestas condições fui rastejando à espera de encontrar ao fundo deste uma luz. À espera que isto fosse apenas uma prova que te teria de dar do meu amor. Uma prova de mostrar que merecia tal divindade.
Mas sempre que penso em ti, mais arranhadelas, mais feridas aparecem no meu corpo. Cada lembrança de “nós” faz agravar a minha dor no peito.
Choro. Grito por ti. Na esperança que me venhas buscar. Que venhas aquecer o meu corpo gelado. Que venhas beijar-me. Mas tu nada! Tu não apareces!
Custa-me acreditar que me tenhas indicado este caminho como o caminho da minha felicidade.
Custa-me acreditar que depois de tudo que passamos me abandones sem me considerares digna de qualquer explicação. NÃO! Tu não és assim! Eu sei que não és assim. Ou quero acreditar nisso. Mas o que me adianta, agora estou aqui perdida e abandonada no meio de uma escuridão imensa…Estou completamente só. Completamente perdida, sem forças para sair deste túnel.
Sinto-me nua. Despida de emoções. Esperando arranjar forças e esperança que me consigam tirar desta escuridão. Esperando uma luz divina capaz de quebrar este túnel.
Estou, ainda à tua espera!

23 de Novembro de 2006

(Parte II)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sem rumo...


Achava-me perdida, sem rumo. As bússolas não marcavam o Norte e não havia mapa que me guiasse até mim. Sentia-me só num mundo povoado de rostos desconhecidos que circulavam em todas as direcções.
Sentia-me nua, despida de emoções.
Procurava um túnel, apenas com o propósito de vir encontrar uma luz ao fundo deste...Chorava de tão só me sentir...Chamava os anjos e demónios que pudessem vir em meu auxílio.
Só precisava de não me sentir singular e profundamente só.
Tudo isto, eu sentia até à chegada de uma nova temporada.
Um novo ano emergiu do caos que se havia apoderado da minha vida. Doía-me o corpo e a alma de tanto caminhar num túnel escuro, agreste e mórbido. De tanto gritar ao céu (e ao inferno), de rogar com todo o meu coração às divindades e às bestas, alguém no alto ouviu-me.
Abri os olhos.
Dois seres resplandecentes olhavam-me com ternura e compaixão. As suas faces eram doces e brilhantes, transpiravam paz e segurança, duas coisas que eu não sentia há muito tempo. Agarraram-me em cada uma das mãos e começaram-me a conduzir por obscuros caminhos, mas a sua presença quebrava as trevas, de tal modo que as criaturas que durante tanto tempo me tinham atormentado fugiram como relâmpagos.
Caminhamos juntos durante dias e noites...O caminho parecia nunca mais acabar até que, quebrando a minha cegueira, uma luz à minha frente lhe punha fim.
Abri os olhos. Acordei. Levantei-me, senti que a mente e o coração me haviam sido devolvidos.
Senti-me viva!
Olhei para o relógio e já estava atrasada. A rotina não perdoava.
Era uma sexta-feira e a escola esperava por mim. No entanto, hoje era um dia especial, tal como todas as sextas-feiras desde o início do ano.
Ansiava pelas 18h30m, altura em podia exibir aquilo que me tinha sido roubado: a minha alegria!
Por momentos, naqueles momentos, só havia duas pessoas: tu e eu... Fazia daqueles momentos nossos. O meu corpo vibrava, a minha voz tremia e a minha alma renascia a cada olhar, a cada palavra, a cada gesto teu.
O relógio nunca parou...Por vezes era o meu desejo. Ficar a olhar-te, sentir-te, tocar-te...
Foi então que tu um dia gritaste: “My gift is my song... and this one's for you”, mais uma vez esqueci todas as pessoas presentes e fiz daqueles momentos nossos.
Avancei...
Ia de encontro à luz, que me havia tirado do mundo da escuridão... Sem temer ia avançando...
“ROXANNE!”
Parei. E à minha volta começaram a surgir rostos, muito rostos...e vi que essas palavras não eram para mim...
Corri...corri...corri…sem nunca olhar para trás.
Voltei a ver o túnel escuro...Algo me puxava para ele. Não queria avançar mas havia uma força que me puxava para ele... Sentia-me confusa.
Olhei para trás e lá estavas tu, a minha luz. Senti duas mãos que me fizeram avançar na tua direcção e me fizeram compreender que o mais importante é ver a luz. Esse é o começo. E quem sabe um dia...poderei aproximar-me dela e poderei tocar-lhe, sem cegar...


07 de Julho de 2006


(Parte I)