quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sem rumo...


Achava-me perdida, sem rumo. As bússolas não marcavam o Norte e não havia mapa que me guiasse até mim. Sentia-me só num mundo povoado de rostos desconhecidos que circulavam em todas as direcções.
Sentia-me nua, despida de emoções.
Procurava um túnel, apenas com o propósito de vir encontrar uma luz ao fundo deste...Chorava de tão só me sentir...Chamava os anjos e demónios que pudessem vir em meu auxílio.
Só precisava de não me sentir singular e profundamente só.
Tudo isto, eu sentia até à chegada de uma nova temporada.
Um novo ano emergiu do caos que se havia apoderado da minha vida. Doía-me o corpo e a alma de tanto caminhar num túnel escuro, agreste e mórbido. De tanto gritar ao céu (e ao inferno), de rogar com todo o meu coração às divindades e às bestas, alguém no alto ouviu-me.
Abri os olhos.
Dois seres resplandecentes olhavam-me com ternura e compaixão. As suas faces eram doces e brilhantes, transpiravam paz e segurança, duas coisas que eu não sentia há muito tempo. Agarraram-me em cada uma das mãos e começaram-me a conduzir por obscuros caminhos, mas a sua presença quebrava as trevas, de tal modo que as criaturas que durante tanto tempo me tinham atormentado fugiram como relâmpagos.
Caminhamos juntos durante dias e noites...O caminho parecia nunca mais acabar até que, quebrando a minha cegueira, uma luz à minha frente lhe punha fim.
Abri os olhos. Acordei. Levantei-me, senti que a mente e o coração me haviam sido devolvidos.
Senti-me viva!
Olhei para o relógio e já estava atrasada. A rotina não perdoava.
Era uma sexta-feira e a escola esperava por mim. No entanto, hoje era um dia especial, tal como todas as sextas-feiras desde o início do ano.
Ansiava pelas 18h30m, altura em podia exibir aquilo que me tinha sido roubado: a minha alegria!
Por momentos, naqueles momentos, só havia duas pessoas: tu e eu... Fazia daqueles momentos nossos. O meu corpo vibrava, a minha voz tremia e a minha alma renascia a cada olhar, a cada palavra, a cada gesto teu.
O relógio nunca parou...Por vezes era o meu desejo. Ficar a olhar-te, sentir-te, tocar-te...
Foi então que tu um dia gritaste: “My gift is my song... and this one's for you”, mais uma vez esqueci todas as pessoas presentes e fiz daqueles momentos nossos.
Avancei...
Ia de encontro à luz, que me havia tirado do mundo da escuridão... Sem temer ia avançando...
“ROXANNE!”
Parei. E à minha volta começaram a surgir rostos, muito rostos...e vi que essas palavras não eram para mim...
Corri...corri...corri…sem nunca olhar para trás.
Voltei a ver o túnel escuro...Algo me puxava para ele. Não queria avançar mas havia uma força que me puxava para ele... Sentia-me confusa.
Olhei para trás e lá estavas tu, a minha luz. Senti duas mãos que me fizeram avançar na tua direcção e me fizeram compreender que o mais importante é ver a luz. Esse é o começo. E quem sabe um dia...poderei aproximar-me dela e poderei tocar-lhe, sem cegar...


07 de Julho de 2006


(Parte I)


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