quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Túnel escuro

Naquela madrugada fizeste-me flutuar…Naquela madrugada encontrei-me. Naquela madrugada encontrei-te.
O calor do teu corpo quebrou o gelo que encobria toda a minha alma. Todas as emoções que até então estavam congeladas começaram a fazer-se sentir. Renasci!
Parece, que finalmente, alguém lá no alto ouviu as minhas preces. Só precisava de não me sentir profundamente só. Fiz de ti o sinal que há muito tinha pedido. Fiz de ti o meu anjo. Fiz de ti a minha luz.
O tempo foi passando…
Acordei, o dia estava lindo. O sol brilhava no céu. Sentia-me bem comigo. Sentia-me bem com a vida.
Vi-te ao longe. Ia na tua direcção quando as nuvens cinzentas começaram a apoderar-se do céu. Tudo à minha volta começou a ficar mais escuro. Os sorrisos começaram a desaparecer dos rostos das pessoas. Até que cheguei a ti e caí. Caí aos teus pés com as mãos acorrentadas.
Sentia-me sem forças e mesmo assim obrigaste-me a olhar para ti, olhos nos olhos, para que pudesse ver a felicidade que carregavas dentro deles.
Porquê?
Ajudaste-me a levantar e voluntariaste-te para me levares à porta do meu caminho para a felicidade. Ainda que confusa, agradeci o teu gesto.
Caminhamos juntos mas à medida que nos aproximámos do local de destino, o céu ficou mais escuro. Fiquei com medo! Tranquilizaste-me!
Lá estava ela, a porta do caminho a seguir. Não me era estranha. Já a tinha visto. Sem demoras beijaste-me e abriste a porta com todas as delicadezas, uma vez que ainda continuava com as mãos acorrentadas. Fizeste-me avançar. Já lá dentro olhei para trás e lá estavas tu com o teu sorriso lindo! Estavas só lá tu…o meu sinal, o meu anjo, a minha luz. Com um sorriso de orelha a orelha. De repente disseste “adeus” e a porta fechou-se.
Foi aí que me apercebi que teria que fazer aquele caminho sem ti…
Caí! Voltei a ficar sem forças. E finalmente reconheci aquele lugar. Estava naquele túnel escuro, agreste e mórbido que há pouco mais de um ano tive o desprazer de entrar. Fiquei ali deitada à espera que os seres resplandecentes que outrora me tiraram deste túnel me viessem salvar novamente. Fiquei à espera dias e dias…e nada!
Nada havia a fazer…só tinha uma escolha. Avançar por entre a escuridão. Uma vez sem força para me levantar teria que rastejar. Foi aí que senti que estava toda arranhada, cheia de feridas incicatrizáveis. Doía-me o peito. Era uma dor muito forte quase insuportável. Mas mesmo nestas condições fui rastejando à espera de encontrar ao fundo deste uma luz. À espera que isto fosse apenas uma prova que te teria de dar do meu amor. Uma prova de mostrar que merecia tal divindade.
Mas sempre que penso em ti, mais arranhadelas, mais feridas aparecem no meu corpo. Cada lembrança de “nós” faz agravar a minha dor no peito.
Choro. Grito por ti. Na esperança que me venhas buscar. Que venhas aquecer o meu corpo gelado. Que venhas beijar-me. Mas tu nada! Tu não apareces!
Custa-me acreditar que me tenhas indicado este caminho como o caminho da minha felicidade.
Custa-me acreditar que depois de tudo que passamos me abandones sem me considerares digna de qualquer explicação. NÃO! Tu não és assim! Eu sei que não és assim. Ou quero acreditar nisso. Mas o que me adianta, agora estou aqui perdida e abandonada no meio de uma escuridão imensa…Estou completamente só. Completamente perdida, sem forças para sair deste túnel.
Sinto-me nua. Despida de emoções. Esperando arranjar forças e esperança que me consigam tirar desta escuridão. Esperando uma luz divina capaz de quebrar este túnel.
Estou, ainda à tua espera!

23 de Novembro de 2006

(Parte II)

Sem comentários:

Enviar um comentário