sábado, 15 de agosto de 2009

Um passo em frente.


“Caída algures por esse túnel escuro, agreste e mórbido”, foi assim que acabei um texto que escrevi há alguns meses atrás.
Ali permaneci caída durante longos meses à espera que a escuridão me levasse de uma vez por todas…à espera que a escuridão me tomasse por completo a alma e todo aquele sofrimento acabasse de vez!
Enquanto esperava lembrei-me de algo que alguém me disse: “Não há noite que dure para sempre.”. Desatei-me a rir. Quanto tempo dura a noite, então? Alguém me sabe responder? Se não dura para sempre porque é que continuo aqui à espera de ver o sol raiar e ver o dia a nascer?
Ninguém me respondeu…
Voltei ao silêncio daquele tenebroso túnel…
Todos os dias recebia visitas de seres resplandecentes, seres incansáveis e corajosos. Iam lá visitar-me sempre, dar-me a mão, tentar levantar-me. Mas eu estava tão presa àquele túnel que todo o esforço deles era em vão. Ou talvez não. Não sei.
Quando eles acabavam a sua visita (se é que posso chamar àquilo de visita), sentia-me mais pobre, mas era uma opção minha. Não podia e nem queria deixar aquele túnel porque para trás, também na sua escuridão tinha deixado uma pessoa. Corrigindo, esse alguém é que me trouxe para o túnel e acabou também por ficar “preso” nele. Talvez esta tenha sido sempre a sua casa e para não se sentir tão sozinho me tenha trazido para cá. O mundo está cheio de pessoas egoístas e que são capazes de tudo para serem felizes, nem que para isso tenham de matar de sofrimento outros seres.
Quando penso nisto sinto uma revolta imensa dentro de mim. Não compreendo como é que ainda posso estar ligada a alguém tão egoísta, tão insensível.
O facto é que os meses foram passando e, eu permaneci ali intacta.
Um dia, já há muito tempo escrevi nas paredes deste túnel: “Nalgum lugar perdido vou procurar sempre por ti, há sempre no escuro um brilho, um luar. Nalgum lugar esquecido eu vou esperar sempre por ti.” E era o que eu estava a fazer. Estava à espera dele. Mas este túnel já não era um “lugar esquecido” graças aos seres resplandecentes.
Um dia eles trouxeram um ser novo.
Ele pegou na minha mão e sorriu-me.
No dia seguinte voltou lá e mostrou-me que dentro daquele túnel estavam a crescer camélias. Como é que era possível no meio daquela escuridão? Apenas me sorriu quando lhe fiz esta pergunta. No outro dia mostrou-me rosas e a cada dia que passava mostrava-me que aquele túnel se estava a transformar num autêntico jardim, cheio de flores coloridas.
Foi então que lhe disse que um dos meus sonhos era ser um girassol. Pegou em mim depois de muita resistência minha e caminhou comigo ao longo daquele túnel que se tornara mais claro e mais colorido. Pousou-me no chão e disse para eu sentir o aroma no ar. Sentir a brisa a ir de encontro às minhas faces. E deixar-me ir para onde as minhas pernas me guiassem. Fechei os olhos e senti-me a flutuar. Quando abri os olhos vi o que há tanto tempo desejava. O Sol! Finalmente ele estava ali. Bem ao alcance dos meus olhos. Chorava de alegria.
Afinal a noite não é eterna. O nosso problema é que nos deixamos cegar sem que tenhamos consciência disso e, quando damos por ela, a escuridão já tomou posse da nossa alma e a luz deixou de ter algum significado para nós. Desistimos de viver, entregamo-nos à escuridão sem qualquer resistência.
Cada um de nós tem o seu próprio Sol e cada um de nós tem de o descobrir. Para isso acima de tudo têm de ter vontade e alegria de viver, têm de ser amados e amarem, têm de ter coragem e força e têm de ter seres resplandecentes que vos dêem a mão quando alguma destas coisas vos faltar.
Aqui há dias alguém me pediu desculpa por não ter coragem de dizer o quanto gostava de mim e disse que agora já era tarde. Nunca é tarde para se dizer o quanto se gosta de alguém. Nunca é tarde para lutar. Enquanto conseguirmos ver a luz, conseguimos viver e enquanto vivermos conseguimos lutar por aquilo que gostamos. Não é a mim que tens de pedir desculpa, é a ti!
Penso que todos os dias deveríamos dizer a todas as pessoas que são importantes o quanto gostamos delas. Agora é o que eu tento fazer! E quando o faço, digo-vos sabe tão bem! Sentimo-nos outros e faz de cada dia um dia melhor! E quando é retribuído? Já sentiram isso? É maravilhoso!
Então não se fechem. Abram os vossos corações e tenham coragem para viver!
Estou quase a ter a persistência de um girassol e, por muito enublado que esteja o tempo consigo sempre ver o meu sol! Ele agora anda sempre comigo e eu ando sempre voltada para ele!
Sejam Sunflowers, nem que seja por uma vez na vida!

Acho que não poderia acabar este texto sem pedir uma desculpa a mim porque afinal fui como alguém que se fechou num “mundo mudo”. Não tive a coragem de lhe dizer o que sentia pessoalmente e esta foi a única maneira que arranjei de a fazer.
Acima de tudo sê feliz e, sabes que me tens aqui como amiga que sempre fui para ti! Nunca te esqueças disso e deixa-me resplandecer junto de ti!

A tentar regressar à vida!
3 de Junho de 2007
(Parte IV)

Sem comentários:

Enviar um comentário